segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nem sempre tudo que parece é

20 / 05 / 2009 Dragão-de-komodo tem veneno

O dragão-de-komodo, réptil carnívoro encontrado na Indonésia, já era assustador, mas agora ficou ainda mais. Segundo um novo estudo, a maior espécie de lagarto no mundo, com média de 2,5 metros de comprimento e 70 quilos, também dispõe de veneno para matar suas vítimas.

Varanus komodoensis é conhecido por morder suas presas e depois soltá-las, deixando-as sangrar por conta dos ferimentos. Após entrar em choque, são mortas e devoradas.

Acreditava-se que as presas fossem vítimas de bactérias presentes na boca do réptil, mas pesquisa feita por um grupo internacional indica que o efeito se deve a um veneno. O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

“A ideia de que o komodo mata por meio de bactérias orais está errada. O dragão tem veneno. Durante a evolução, ele modificou suas glândulas salivares de modo a produzir agentes hipertensivos e anticoagulantes que, combinados com adaptações cranianas e dentárias específicas, permitiu que pudesse matar animais maiores por meio de hemorragias fulminantes”, disse Stephen Wroe, da Universidade de New South Wales, na Austrália, um dos autores do estudo.

Os cientistas usaram simulações feitas em computador para analisar a mordida do dragão e verificaram que são mais fracas do que as de crocodilos de tamanhos semelhantes. Entretanto, exames em ressonância magnética apontaram que o komodo conta também com complexas glândulas de veneno.

Depois de extirparem a glândula de veneno de um dragão doente em um zoológico, os cientistas usaram espectrometria de massa para obter um perfil químico do veneno. Descobriram que a toxina tem semelhanças com as do monstro-de-gila (Heloderma suspectum) e de diversas serpentes.

O veneno causa uma grande perda de pressão sanguínea na vítima ao dilatar os vasos sanguíneos e evitar a coagulação na área atingida, levando a presa a um estado de choque.

O grupo também examinou fósseis do extinto Varanus megalania, que chegava a 7 metros de comprimento, e concluíram que o parente maior do dragão-de-komodo foi um dos maiores animais venenosos a andar pela Terra.

Membro de uma família cujos ancestrais surgiram há mais de 100 milhões de anos, o dragão-de-komodo é o maior lagarto vivo e habita as ilhas de Komodo, Rinca, Flores, Gili Motang e Gili Dasami, na Indonésia. O enorme tamanho do animal é atribuído ao fenômeno do gigantismo, uma vez que nas ilhas não há outros carnívoros que façam parte de seu nicho ecológico.

A espécie é classificada como vulnerável pela União Internacional para Conservação da Natureza e tem uma população estimada entre 4 mil e 5 mil exemplares soltos em seus hábitats.

A central role for venom in predation by Varanus komodoensis(Komodo Dragon) and the extinct giant Varanus (Megalania) prisca, de Bryan Fry e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org. (Fonte: Agência Fapesp)
 

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