Iguanas nadadeiras e terrestres, lagartixas de lava, baleias-piloto, leões marinhos, focas, cactos nativos, tartarugas gigantes, 14 espécies diferentes de tentilhões, fragatas, garças, gaviões, gaivotas, pingüins pequenos, papa moscas, piqueiros de patas azuis ou vermelhas, flamingos, pelicanos e bobos. Sabe a que lugar me refiro? Ao arquipélago de Galápagos que, em espanhol, significa tartaruga gigante que se pode montar – e este nome não é mero acaso.
Declarado Patrimônio Natural da Humanidade em 1978, a segunda maior reserva marinha do planeta se localiza a 1000 km a oeste do Equador, sobre a fenda de Galápagos (um ramo da Elevação do Pacífico Oriental) e a 1500 km do sudoeste do Canal de Panamá, constituindo-se de quase 60 ilhas vulcânicas, das quais apenas quatro são habitadas. Todo o arquipélago tem 8.010 km² de extensão.
Acredita-se que o arquipélago seja resultado de erupções vulcânicas submarinas que emergiram há cinco milhões de anos. Além dessa característica e do isolamento geográfico, em Galápagos há o encontro de quatro correntes marítimas (Humboldt, Cromwell e norte e sul equatorianas), trazendo diferentes condições de temperatura e micronutrientes, dando condições para que existam habitats diferenciados, conferindo fatores importantes para abrigar uma grande variedade de espécies que ocorrem apenas na região (endêmicas) que, inclusive, são provas circunstanciais que inspiraram o naturalista Charles Darwin a, mais tarde, compreender o mecanismo de seleção natural e evolução.
Um dos habitantes mais conhecidos do Arquipélago se chama George, uma tartaruga gigante oriunda da Ilha de Pinta e, até segunda ordem, reconhecida como o último indivíduo de sua espécie. Com aproximadamente 80 anos de idade, George, um quelônio de 1 m de comprimento e cerca de 90 kg, foi encontrado em 1971 e vive desde então no Parque Nacional das Galápagos, onde já foi apresentado a várias fêmeas de espécies próximas a ele.
As tartarugas de Galápagos são um interessante caso que faz o arquipélago ser tão fascinante: esses indivíduos têm características típicas de acordo com a ilha de onde vieram, resultado do isolamento geográfico entre elas, originando espécies distintas. Se George se reproduzir com uma destas fêmeas, os indivíduos oriundos dessa união deverão passar por várias gerações até que se obtenham indivíduos similares a ele. Recentemente foi encontrado um indivíduo cujos pais provavelmente eram um parente de George e uma tartaruga gigante de outra espécie. Essa descoberta levanta novas esperanças, uma vez que é possível que este indivíduo tenha irmãos ou, até mesmo, exista outros indivíduos da espécie do famoso quelônio, se lembrarmos que estes quelônios podem viver mais de um século.
A ilha hoje enfrenta questões sérias, como introdução de espécies de outras regiões e que competem com as espécies nativas por recursos ou se alimentam destas; grande demanda de turistas, além de pescadores que, devido principalmente a baixas condições financeiras, se rendem ao mercado chinês e vendem a este pepinos-do-mar, barbatanas de tubarão, genitálias e peles de leões-marinhos.
Programas de conservação envolvendo muitos debates e busca por meios de aliar pescadores, turistas, conservacionistas e população local a fim de proteger a biodiversidade, mas garantindo uma vida digna aos habitantes do arquipélago, podem ser a solução para que Galápagos possa continuar sendo um exemplo de exuberância e, de fato, o verdadeiro laboratório vivo que Charles Darwin conheceu em 1835.
Por Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola
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