Lu Vaz on quinta-feira, 11 de março de 2010
Uma ansiedade súbita, náuseas, dor de estômago, suores, tontura, aflição, desconforto na garganta, taquicardia, problemas para respirar, nervosismo, sede excessiva e a impressão de que vai perder os sentidos, quase um desmaio. Um terrível e inexplicável sofrimento e a certeza de que é a morte rondando. Medo sem saber exatamente do que e uma vontade imensa de fugir não se sabe para onde. Correr para um porto seguro embora a sensação de insegurança e pavor seja apenas de quem sofre o problema. As pessoas ao redor não conseguem entender e, muitas vezes, nem perceber o que está acontecendo.
E o que está acontecendo? Ao contrário do que muitos imaginam não se trata de loucura. Todas essas reações acontecem ao mesmo tempo, porém, nunca se chega a perder os sentidos. Nunca porque essa cena passa a se repetir várias vezes até transformar a vida num verdadeiro inferno. É isso que se sente numa crise de Síndrome ou Transtorno de Pânico. A crueldade é viver uma batalha travada contra ninguém e sentir na carne o cansaço de uma guerra invisível. Os episódios depressivos são inevitáveis.
A trajetória dos doentes é mais ou menos parecida. A primeira crise é avassaladora. Pelo menos aqui no Brasil, não há exames ou quaisquer tipos de comprovações documentais para o diagnóstico. A avaliação é o próprio depoimento do paciente. E há diversas correntes de pensamento, terapias, tratamentos.
No meu caso, sofro dessa “coisa” desde 2001. Tive uma melhora bastante significativa, porém, ainda não encontrei a cura, mas ela existe. Já passei por psicóloga, acupunturista, quiroprático, terapeuta de florais, pai-de-santo, padre, e por aí vai. A minha melhor alternativa foi mesmo o psiquiatra. Mas sinto-me uma cobaia. O recurso para tratar esse mal-estar paralisante é ir testando os remédios e olhe lá. Depois de experimentar grande parte das drogas disponíveis, cheguei ao Lexapro, um antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina. Tomo em conjunto com o Rivotril, um tranqüilizante que ajuda a controlar os sintomas, e a Lamotrigina, uma droga antiepiléptica que vem sendo usada como estabilizador de humor.
Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor. Quando há uma falha nessa comunicação das células do cérebro (neurônios), entra o remédio. E vale ressaltar: Não tem exame, tudo é deduzido com base no que o paciente relata. O antidepressivo funciona como uma espécie de balsa e promove essa ligação dos neurônios. Eu tomo o Lexapro há dois anos. O que eu tenho de informação é que a cura acontece em 2 a 5 anos de tratamento contínuo. Mas quando você deixa um remédio e passa a tomar outro é tudo novo de novo. Em resumo: É outro tratamento, outra contagem de tempo para a perspectiva da cura.
Eu tenho sido o que o extinto grupo Raimundos chamaria de Mulher de Fases. Coitado do meu namorido! Eu sou legal, sou feliz, sou risonha e até divertida. Mas isso não impede crises de pânico alternadas com crises de depressão. Na última consulta, eu contei ao médico a piora de alguns sintomas e ele me apresentou outra alternativa: Um tal de Valdoxan.
Já foi aprovado pela Anvisa e é o primeiro antidepressivo melatonérgico do mercado. Só que aceitar esse medicamento significa começar de novo. Sempre sem garantias. Exaustivo à beça! Os neurotransmissores clássicos são a serotonina, dopamina e noradrenalina. A tal da melatonina é produzida pela glândula pineal, que por sua vez é uma glándula endócrina localizada perto do centro do cérebro. Isso tudo não cabe na minha cabeça!
Dizem que o Valdoxan tem menos efeitos colaterais como insônias e cefaléias, aliás, parece até que previne dores de cabeça e enxaquecas em geral, além de regular o sono. A psicóloga me disse que eu preciso dormir para produzir serotonina. Se ela tem razão, juntando o quebra-cabeça, o Valdoxan parece mesmo interessante.